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Mensagens

A mostrar mensagens de outubro, 2007

O Universo

O universo não é uma idéia minha. A minha idéia do Universo é que é uma idéia minha. A noite não anoitece pelos meus olhos, A minha idéia da noite é que anoitece por meus olhos. Fora de eu pensar e de haver quaisquer pensamentos A noite anoitece concretamente E o fulgor das estrelas existe como se tivesse peso. Poema de Albeto Caeiro Ilustração de Kathleen Kemly

Bird

Philippe Béha

Batem-me na face as asas daquele pássaro

Batem-me na face as asas daquele pássaro que agora mesmo levantou voo por detrás daquela onda. Batem-me na face azul do mar e salpicam-me os olhos de maresia, de marés salgadas invisíveis. As asas mornas e macias daquele pássaro, encostam-se a mim como um almofada cheia de espuma de ondas antigas. Levantou voo o pássaro saído das águas grandes, e como um anjo de asas enormes tocou-me a alma, encheu-a de vida. Ana Isabel

Sopro de estrelas | 1

Smile Manuel Librodo

Uovo

Nicoletta Ceccoli

Treegirl

Nicoletta Ceccoli

Crows

Nicoletta Ceccoli

Como pintar um pássaro

Pinte primeiro uma gaiola com a porta aberta. Em seguida pinte alguma coisa graciosa, alguma coisa simples, alguma coisa bonita, alguma coisa útil... ao pássaro. Depois, coloque a tela contra uma árvore no jardim, no bosque ou na floresta e esconda-se atrás da árvore sem dizer nada, sem se mexer. Às vezes o pássaro chega logo, mas pode levar muitos, muitos anos até se resolver. Não desanime, espere. Espere, se preciso, durante anos. A velocidade ou a lentidão da chegada do pássaro, não tem a menor relação com a qualidade da pintura. Quando ele chegar (se chegar) mantenha o mais profundo silêncio, espere que ele entre na gaiola. Depois que entrar, feche lentamente a porta com o pincel. Aí então apague uma por uma todas as varetas. (Cuidado para não esbarrar em nenhuma pena do pássaro.) Finalmente pinte a árvore, reservando o mais belo de seus ramos ao pássaro. Pinte também a verde folhagem e a doçura do vento, a poeira do sol, o rumorejo dos bichinhos da relva no calor da estação. Depoi...

Storyteller

Janice Fried

Poemas

Entrei numa loja para te comprar um ramo de poemas, só tinham flores, disseram-me, mas eu não entendi a resposta, repeti que queria um ramo de poemas, voltaram a explicar-me que ali só vendiam flores, sugeriram-me vários tipos de flores, disseram-me os nomes, como sabes sou péssimo com os nomes das flores, apenas tenho memória para poemas, esforcei-me por fazer compreender esta minha particularidade, ninguém me entendia, à força de não me quererem vender poemas, impingiam-me flores, que cheiravam melhor, eram mais vivas, que as mulheres gostavam mais de flores, flores que eu não quero, definitivamente não quero, pois tenho-te a ti, ninguém dá flores às flores, o que eu quero mesmo é um ramo de poemas. Henrique Fialho do blog Insónia

O meu caderno de folhas

Tenho folhas lanceoladas, lobadas, lineares, redondas, sagitadas, elípticas, ovalares, pilosas ou ciliadas, filiformes, triangulares, inteiriças, espatuladas, em forma de coração. E folhas A4 e A5, lisas ou quadriculadas. Mas estas não são para aqui chamadas. - Ou serão? poema de Jorge Sousa Braga ilustração "Reading again" de Irisz Agocs

A alfazema

- Fecha os olhos bem fechados, e diz-me a que é que cheira. Cheira a rosa, cheira a nardo, ou a flor de laranjeira? - Nem a rosa, nem a nardo, nem a cravos, nem a cravinas me cheira este poema. O que me chega às narinas é o cheiro da alfazema! Jorge Sousa Braga

Dia Mundial da Música

Camptown Races Julie Blackmon

Romeu e Julieta

Octavia Monaco