Na água do rio que procura o mar; No mar sem fim; na luz que nos encanta; Na montanha que aos ares se levanta; No céu sem raias que deslumbra o olhar; No astro maior, na mais humilde planta; Na voz do vento, no clarão solar; No inseto vil, no tronco secular, — A vida universal palpita e canta! Vive até, no seu sono, a pedra bruta . . . Tudo vive! E, alta noite, na mudez De tudo, — essa harmonia que se escuta Correndo os ares, na amplidão perdida, Essa música doce, é a voz, talvez, Da alma de tudo, celebrando a Vida! poema de Olavo Bilac ilustração "Swingstar" de Janice Fried
Passa uma borboleta por diante de mim e pela primeira vez no Universo eu reparo que as borboletas não têm cor nem movimento, assim como as flores não têm perfume nem cor. A cor é que tem cor nas asas da borboleta, no movimento da borboleta o movimento é que se move, o perfume é que tem perfume no perfume da flor. A borboleta é apenas borboleta e a flor é apenas flor. Alberto Caeiro