Chove. Uma rapariga desce a rua.
Os seus pés descalços são formosos.
São formosos e leves: o corpo alto
parte dali, e nunca se desprende.
A chuva em Abril tem o sabor do sol:
cada gota recente canta na folhagem,
O dia é um jogo inocente de luzes,
de crianças ou beijos, de fragatas.
Uma gaivota passa nos meus olhos.
E a rapariga - os seus formosos pés -
canta, corre, voa, é brisa, ao ver
o mar tão próximo e tão branco.
poema de Eugénio de Andrade
ilustração de Janice Fried
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