Muitas velas. Muitos remos. Âncora é outro falar... Tempo que navegaremos não se pode calcular. Vimos as Plêiades. Vemos agora a Estrela Polar. Muitas velas. Muitos remos. Curta vida. Longo mar. Por água brava ou serena deixamos nosso cantar, vendo a voz como é pequena sobre o comprimento do ar. Se alguém ouvir, temos pena: só cantamos para o mar... Nem tormenta, nem tormento nos poderia parar. (Muitas velas. Muitos remos. Âncora é outro falar...) Andamos entre água e vento procurando o Rei do Mar. Poema de Cecília Meireles Ilustração de Johanna Wright
Passa uma borboleta por diante de mim e pela primeira vez no Universo eu reparo que as borboletas não têm cor nem movimento, assim como as flores não têm perfume nem cor. A cor é que tem cor nas asas da borboleta, no movimento da borboleta o movimento é que se move, o perfume é que tem perfume no perfume da flor. A borboleta é apenas borboleta e a flor é apenas flor. Alberto Caeiro